Estrutura quebrada, lança enferrujada, pintura lascada. Pode não parecer, mas essa é a descrição de um dos principais pontos turísticos de Fortaleza. A estátua com a índia Iracema, seu filho Moacir e o “homem branco” Martim Soares Moreno, além da jangada em que a família está, sofrem com a falta de manutenção e cuidados, no bairro Mucuripe.
Após a notícia de que a Iracema Guardiã deixou de ostentar mãos e arco, conforme O POVO informou na edição da última sexta-feira, 23, a reportagem visitou outras duas estátuas da índia na cidade para verificar como andam os cuidados com a personagem de José de Alencar. Além da deteriorada Iracema do Mucuripe, a índia da Lagoa da Messejana também precisa de atenção.
Na escultura da orla, o joelho de Martim Soares Moreno não existe mais. A jangada que carrega a família da índia Iracema também está com partes quebradas. O motivo? “O povo está destruindo. Tem que cuidar. Porque o turista não vai destruir. O povo daqui é que destrói”, avalia o mestre de capoeira Ricardo Silva Dias, 35, de passagem pelo calçadão. “Faltam manutenção efetiva e educação”, considera o aposentado Sebastião Lima, 57, morador da Beira Mar. “Está bem danificada”, considera. “As pessoas não têm educação. Ficam cutucando a estátua e o quebrado vai aumentando”, diz o taxista Ronildo Augustinho.
Após o vandalismo na Iracema Guardiã, a Prefeitura anunciou que as duas estátuas da orla serão reformadas ainda em 2012. A Guardiã e a Iracema do Mucuripe aguardam a Secretaria Executiva Regional (SER) II definir as ações de restauração necessárias e o cronograma das obras, mas o órgão garante que a reforma começa neste ano. Os serviços estão sendo planejados para que as esculturas fiquem o mais perto do original, informa a Regional.
Messejana
A estátua na Lagoa de Messejana está verde, mas nunca mais sofreu com pichação. A cor da Iracema, mudada no fim do ano passado, ainda incomoda alguns frequentadores. Todos, porém, reconhecem que ela está mais limpa. “Está mais bonita, pintada... Não gostei da cor, mas estava muito pichada”, comenta o mecânico Valzenir Sacramento Dantas, 24, que trabalha na região. “Agora precisa botar segurança pra proteger”, avalia a namorada dele, Erilene Gonzaga, 26. “Estava bem acabada. Agora está limpinha. Só está faltando a água cair”, comenta o analista de Departamento Pessoal Leandro Lopes, 19.
A SER VI informou, através de nota, que, no, começo do mês, mais uma bomba que jogava água na estátua foi roubada. A terceira em menos de três anos. Ainda não há previsão de aquisição de novo equipamento, assim como da troca das placas de informação sobre o monumento, pichadas e enferrujadas.
Sobre a proteção do patrimônio, a Guarda Municipal diz que o Mucuripe e a Lagoa da Messejana são cobertos por rota dos agentes.
ENTENDA A NOTÍCIA
Falta de apego ao patrimônio histórico e cultural de Fortaleza gera equipamentos descuidados, desprotegidos e depredados. O fato é comum nas estátuas da índia Iracema espalhadas pela cidade. Uma segue sem mãos, outra sem banho d’água e uma terceira está com partes quebradas.
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